quinta-feira, abril 14, 2011

A democracia ainda não aconteceu - Osho

Na circunferência as pessoas são diferentes, e elas deveriam ser diferentes, e todos deveriam manter sua individualidade na circunferência. A pessoa nunca deveria fazer concessões por razão alguma. Só então podemos criar um mundo realmente democrático. Democracia real significa que a massa, a multidão, não está mais no controle da vida individual.

Democracia é menos um fenômeno político do que um fenômeno religioso. Democracia é uma visão de vida totalmente nova. Ela ainda não aconteceu em lugar nenhum; ainda tem que acontecer. Democracia significa que cada indivíduo tem o direito de viver de acordo com a sua luz, ele não deveria ser impedido disso. A não ser que ele se torne um distúrbio ou um problema para outros, a ele deveria ser permitida toda a liberdade em todos os aspectos da vida.

Essa e a minha visão de um mundo realmente democrático. É assim que eu gostaria que fossem meus sannyasins: nenhuma interferência na vida de ninguém. Um grande respeito tem que ser dado ao outro.

Mas no centro, todo mundo é o mesmo. Quando você medita você se move em direção ao centro. Nos momentos mais profundos de meditação, todas as diferenças desaparecem. Você é universal lá, não individual.

E você tem que ser ambos: individual e universal. E você tem que ser muito flexível e fluido entre esses dois. Deveria ser tão fácil como quando você sai para fora de seu lar, da sua casa. Quando está frio demais lá dentro você vem para fora, você se senta ao sol. Quando fica quente demais você entra. Isso não cria nenhum problema; você simplesmente entra, você sai. Não há problema algum — é a sua casa.

Uma pessoa deveria ser capaz de viver na circunferência e no centro facilmente. Ela deveria ser capaz de se mover do mercado ao espaço meditativo e do espaço meditativo ao mercado — sem nenhum problema, facilmente, espontaneamente.

terça-feira, março 15, 2011

Iniciando nossos debates...

É com bastante alegria que inicio as postagens deste blog que invade o seu PC, com um texto de cunho político, um dos assuntos que me chama mais atenção por sua perspicácia; por acreditarmos num Brasil melhor sabendo que essa mudança depende única e exclusivamente de nós, temos a máquina que gere essa empresa, a indústria velada da corrupção, mas nada fazemos para parar as atividades escabrosas de alguns políticos nela existentes. Bem, nada mais no momento, apreciemos o texto Discurso Político de Adriano Duarte Rodrigues!! E comentem, expressem a sua liberdade de opinião e escolha!

Discurso político

O que as campanhas eleitorais hoje mostram de maneira eloquente é a subordinação do campo político ao campo dos media, invertendo assim a lógica que presidia tradicionalmente às relações entre estes campos. (…)

A campanha produz imagens de candidatos e de programas utilizando para isso processos idênticos aos que são utilizados para a promoção de qualquer produto, os processos de camuflagem do processo de produção, do seu custo, em favor do processo sedutor da gratuitidade. É de facto às mesmas empressas publicitárias e de marketing, aos profissionais obscuros da indústria promocional que se encomenda a promoção tanto dos pós para lavar a roupa como dos candidatos políticos. São os mesmos processos retóricos que vendem margarinas e programas eleitorais; são as mesmas vedetas do espectáculo, do show business, da canção, do teatro, da informação, que emprestam a voz, a silhueta, o charme. Os candidatos estudam e elaboram a sua imagem como qualquer vedeta do espectáculo. (…)

Tal como na estratégia publicitária, as categorias apelativas do discurso eleitoral “vota x”, que se cristalizam sobretudo nos imperativos, são carícias amorosas; apelam para a afectividade do eleitor, articulando-se sempre com categorias emotivas: “somos o mais forte, o mais português, “defendemos”, etc. (…)

Termos como “crise”, “liberdade, igualdade, fraternidade”, “paz, pãp, terra e liberdade” tornam-se puras formas neutralizadas, estruturas míticas habilmente articuladas com a musicalidade rítmica do slogan, da marcha, cantadas em uníssono ou marteladas insidiosamente de manhã à noite pelos altifalantes das caravanas. Uma vez interiorizadas, bastará o seu ritmo apitado pelas buzinas dos automóveis das caravanas para produzir o mesmo efeito galvanizador, quais figuras algébricas, rima inculca a indispensável neutralização da forma discursiva. “Firmeza na decisão, competência na acção” é o slogan que alia admiravelmente a rima fácil ao desfilar de um ritmo binário facilmente corporalizado.

Às figuras de expressão aliam-se as figuras de conteúdo com particular relevo para o jogo metafõrico da forma semântica. A crise converte-se em fumo que se evapora sob a acção poderosa e abrasadora do partido, tal como a sujidade é consumida pela acção corrosiva dos enzimas. Os partidos são locomotivas, carruagens ou estradas que transportam ou puxam o país para viagens idílicas e para um futuro aprazível, fazendo-o sair do túnel uterino. Os programas políticos convertem-se em edifícios que se constroem ou que acabam por ruir. O partido é “motor” térmico que aquece ou arrefece.

(Adriano Duarte Rodrigues, O Campo dos Media)